Parece que a avalanche de projetos de lei que lotam a lista de prioridades do governo nesses primeiros meses de mandato tem feito bem para os técnicos do Ministério das TIC, liderado por Sandra Urrutia, para se concentrar no desenvolvimento da estratégia que eles chamaram 'Conectar TIC 360' e, ainda, estabelecer um diálogo fluido com a indústria, ao contrário de outros setores estratégicos onde a atitude do Executivo é de choque ou indiferença.
Pelo menos é o que as orientações divulgadas nas últimas semanas nos permitem intuir, qual será a política do governo nos próximos quatro anos para atingir a meta de 85% dos colombianos cobertos por Internet fixa ou móvel –com um investimento público de US$ 4,3 trilhões para o período–, que será acompanhado de iniciativas de dotação, capacitação e produtividade, para que o eventual aumento da cobertura realmente cumpra o objetivo de acabar com a exclusão digital, além de impulsionar as economias regionais, gerar inclusão e reduzir o desenraizamento.
Segundo as apresentações da Ministra Urrutia, após seu retorno do Mobile World Congress em Barcelona, Algumas das iniciativas de cobertura mais complexas e caras para aumentar os 60,5% de domicílios conectados à rede estimados pelo DANE em 2021 estão sendo apoiadas pelo Banco Mundial, BID e CAF para que acompanhem o desenho de projetos de conectividade nos departamentos com áreas mais desconectadas, regiões onde o gap é médio ou baixo e na criação de uma rede neutra; o que aumenta a confiança nas estratégias e programas que serão apresentados.
Para o governante, uma componente chave entre as diferentes estratégias que o governo irá empreender será uma rede neutra semelhante à “Projeto Internet for All of Peru (IpT), rede backbone em PPP (Public Private Alliance) que dá suporte para trazer capilaridade às regiões”.
Esta iniciativa de conectividade peruana, que não é exatamente um APP, mas um operador atacadista de infraestrutura neutra de telecomunicações em áreas rurais, cujos parceiros são Telefónica del Perú, Meta, BID Invest e CAF, visa fornecer acesso à banda larga sem fio em um modelo que permite a todos operadoras – grandes ou pequenas – para lançar serviços de comunicação comercial para usuários, empresas e organizações em áreas distantes dos centros urbanos. Apenas o que seria necessário para materializar a ideia do presidente Gustavo Petro de conselhos de ação comunitária que também possam conectar comunidades.
A questão é: Como viabilizar financeiramente uma operadora que vai trabalhar onde ninguém fez por causa do custo dos investimentos e do baixo retorno?
Según los socios, IpT logra la sostenibilidad económica a través de acuerdos con las comunidades locales, el uso de infraestructuras existentes y la utilización de tecnologías abiertas que reducen el costo de despliegue en áreas donde es muy elevado, para lo que cuenta con todo el apoyo do Estado. Assim, é suportado em arquiteturas de nuvem, planejamento automático de rede, soluções Open RAN e uma combinação de redes otimizadas de fibra e micro-ondas.
Espectro: menos dólares e mais obrigações a fazer
Durante anos foi discutido no setor o alto preço que as operadoras de comunicação móvel pagam pelo uso do espectro radioelétrico na Colômbia, apesar de esse valor ter diminuído na maioria dos países, enquanto as obrigações de investimento em infraestrutura para os licenciados aumentaram.
Agora o Agência Nacional do Espectro (ANE) foi atualizado com a análise de variáveis macroeconômicas, experiências internacionais e receitas de operadoras locais -cujo ARPU é um dos mais baixos da região-, para atualizar a valoração deste recurso, essencial para as comunicações móveis.
Essa definição de valor, que foi aplicada na renovação de 40 MHz da Tigo em fevereiro, como principais novidades, reduz o preço a pagar, destina 1% para apropriação e compra de aparelhos e aumenta as obrigações de fazer, ou seja, instalar infraestrutura em áreas definidas pelo Estado.
Além disso, servirá para avaliar o restante das renovações que ocorrerão nos próximos meses e para a futura atribuição de bandas para 5G, qualquer que seja o modelo que usem: leilão ou concurso de beleza, un processo que é definido para garantir, por meio do cumprimento de requisitos técnicos e financeiros, o alcance de objetivos de política pública.
Para o MinTIC, as operadoras móveis serão protagonistas no fechamento das 'lacunas médias e baixas' em 926 municípios em 26 departamentos. Foi precisamente aí que foram atribuídos à Tigo locais para instalar infra-estruturas, segundo disse Sandra Urrutia.
Em linha com esta atualização das condições, o projeto do Plano Nacional de Desenvolvimento 2022 – 2026 aumenta o teto das obrigações a efetuar como componente do pagamento do aluguel do espectro radioelétrico para as operadoras móveis, que passaria a ser superior a 60%, definido no Lei 1341 de 2009, em 90%. Mais uma dica de uma política alinhada à tendência internacional de priorizar o bem-estar social, ponderando a implantação de infraestrutura e a ampliação da cobertura sobre a arrecadação.
O Chile, por exemplo, aplicou preços mais baixos, ao mesmo tempo em que impôs coberturas e obrigações em espécie aos vencedores. Hoje é o segundo país da região em adoção de LTE, primeiro em penetração de banda larga na OCDE e já está no segundo leilão de 5G. O Brasil, por sua vez, destinou 15,7% para arrecadação e 84,3% para investir em compromissos de cobertura fixa e móvel, no maior leilão de espectro realizado no continente.
Construir sobre o que foi construído
A ministra Urrutia comentou ter encontrado "um país desconectado" e "departamentos abandonados", como também aponta no Apresentação 'Connect ICT'. Mas não seria justo ignorar que, graças ao que já foi feito, hoje é possível concentrar os maiores esforços em fechar o fosso digital que separa e alarga as desigualdades entre os que vivem na Colômbia.
É inegável que durante Nos últimos quatro anos, não houve avanços e, ao contrário, o setor foi exposto a práticas ilegais, como foi o caso do programa Centros Poblados; ou a falta de idoneidade –e ética– dos funcionários que gerou escândalos constrangedores como o leilão do espectro de 700 MHz em 2019, bem como o limbo em que ficaram decisões fundamentais da pasta para o desenvolvimento da indústria mais dinâmica da economia.
No entanto, na última década, o Plano Vive Digital, concebido durante a gestão de Diego Molano Vega, apesar de ter pontos fracos, foi um sucesso reconhecido. pela GSMA no Mobile World Congress 2012 como a melhor política pública em termos de conectividade, que entre outras coisas contratou com a Azteca Comunicaciones a rede nacional de fibra ótica que hoje chega a 788 municípios e é fundamental para qualquer iniciativa que se empreenda; quadruplicou o acesso à Internet; Crio os quiosques Vive Digital em locais onde a última coisa que existia era Telecom; eliminou a tarifa de celulares, tablets e PCs e realizou o leilão do 4G com arrecadação histórica.
Ao contrário de outros ministérios que chamam a atenção do país por seus projetos de refundação, muitas vezes liderados por políticos ou ativistas, o Ministério de Tecnologias de Informação e Comunicação hoje -depois de muitos anos- mais uma vez tem uma técnica que sabe onde parar e onde está indo, entendendo que só cumprirá a promessa de atingir 85% de uma população conectada, e com apropriação de tecnologias, trabalhando com todos no ecossistema de TIC e telecomunicações.