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Plano Nacional de Desenvolvimento: como os especialistas ambientais o analisam?

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«Queremos mudar e por isso devemos quebrar a inércia, aventurar-nos no novo na administração e essa novidade é governar com os movimentos sociais, com o povo...  Eu não gostaria de fazer coisas que as pessoas não tivessem dito porque é disso que se trata a democracia.«Dito Gustavo Petro na apresentação do PND perante o Congresso.

Na segunda-feira, 6 de fevereiro, o presidente Gustavo Petro, o diretor do Departamento Nacional de Planejamento (DNP) Jorge Iván González e o ministro da Fazenda e Crédito Público José Antonio Ocampo apresentaram a Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2022-2026, o primeiro a ser construído com a participação cidadã e que tramita atualmente no Congresso da República.

O PND é o roteiro do governo Petro e Busca que o país se torne líder na proteção da natureza e da vida.

Jorge Iván González, do DNP, explicou que o documento propõe 5 importantes transformações: Convergência regional, Segurança humana e justiça social, Direito humano à alimentação, Ordenamento territorial em torno da água e Ação climática.

Pelo menos 2 eixos do PND têm a ver com questões ambientais. Nesse sentido, 2 questões relevantes podem ser identificadas:

  1. ação Climática: Questões territoriais, água e controle do desmatamento.
  2. Transição de energia e a descarbonização do país.

ação Climática

O que Gustavo Petro está promovendo, ao contrário do ex-presidente Iván Duque, é uma mudança em termos de empoderamento das comunidades territoriais para proteger o meio ambiente. Esse é um caminho importante, pois está incentivando hábitos sustentáveis ​​a partir da cultura das comunidades, o que é essencial para o cuidado com a água e o território.

De referir que o PND dispõe de um artigo que aborda este tema específico. É sobre Artigo 41: 'Concessões para o uso da silvicultura e biodiversidade em áreas reservadas da Lei 2 de 1959 e terrenos baldios da nação'. Este artigo permite o convênio com organizações e famílias camponesas, com o objetivo de promover o desenvolvimento de atividades voltadas para a reabilitação e restauração de ecossistemas e também para o controle do desmatamento.

Claudia Calderon, profissional de engenharia florestal com mestrado em Gestão Ambiental de Ecossistemas Marinho-costeiros com mais de 10 anos de experiência profissional em diversas organizações, principalmente no sector público, disse ao Impacto ECO que partilha a intenção de incluir as questões ambientais na PND, mas alertou que é fundamental levar em conta a questão orçamentária.

«Há uma ênfase especial no reconhecimento dos territórios indígenas juntamente com os territórios coletivos das comunidades negras, afro-colombianas, raizais, palenqueras e camponesas, consideração que permitirá avançar significativamente na integração de visões de desenvolvimento territorial que validam os saberes ancestrais e tradicionais para a gestão dos recursos naturais.

O que foi dito acima anda de mãos dadas com Artigo 22: 'Conselhos territoriais da água'. Prevê-se criá-los para fortalecer a governança justa do planejamento do uso da água e da terra em torno desse recurso, com foco na adaptabilidade às mudanças climáticas.

«A criação da figura dos Conselhos Territoriais da Água pode tornar-se um espaço de planeamento e gestão eficaz de todas as componentes que intervêm na gestão dos recursos hídricos», apontou o especialista sobre o assunto.

Transição de energia

Um dos pontos mais polêmicos da atual gestão de Gustavo Petro tem a ver com a transição energética, já que o presidente já mencionou que quer abandonar os combustíveis fósseis e apostar nas renováveis.

O Plano de Desenvolvimento Nacional inclui o Artigo 186: 'Proibição de mineração a céu aberto em larga escala para carvão térmico'. Este artigo garantiria o caminho da descarbonização dando prioridade à atual lei que proíbe o desenvolvimento de novos projetos de mineração para extração de carvão térmico a céu aberto.

“Algumas medidas que são propostas em consonância com a descarbonização da economia, como a proibição do desenvolvimento de novos projetos de mineração para extração de carvão térmico a céu aberto em larga escala, podem gerar discórdia com alguns setores produtivos que estão atualmente se configuram como aliados estratégicos para a consolidação das Associações Público-Privadas», advertiu Claudia Calderón.

“Embora (a proposta) responda a necessidades sociais e ambientais que não foram prioridade nas agendas dos governos anteriores, ela apresenta um cenário altamente desafiador em um contexto rural de desequilíbrio de poder marcado por fenômenos de corrupção e controle territorial, aspectos que têm impedido a implementação com sucesso de projetos de desenvolvimento em várias áreas estratégicas a nível ambiental do país”Ele acrescentou.

Cuidado com a produtividade

Embora Claudia Calderón tenha apontado que a implementação das propostas propostas pelo PND 2022-2026 para o setor ambiental teria efeitos positivos, também alertou sobre possíveis efeitos negativos caso a produtividade do país seja afetada.

“É preciso ter o cuidado de permitir políticas públicas não objetivas, com fundamentos ultraambientais, que não respondam às diretrizes estabelecidas pela Política de Crescimento Verde, priorizando interesses protecionistas a todo custo, sem considerar as necessidades econômicas das comunidades rurais do país”.

"Também pPoderíamos considerar como impacto negativo, uma possível resposta de rejeição às medidas propostas por aqueles atores que concentram o poder nos territórios, o que poderia prejudicar não só a sustentabilidade dos projetos a médio e longo prazo, mas também o bem-estar das comunidades rurais que serão beneficiadas diretamente com a execução das propostas propostas”, destacou.

Assim, os recursos financeiros do PND destinados a questões ambientais devem ser comprometidos de forma a melhorar a eficiência na execução orçamentária, acrescentou Calderón.

Atualmente o Plano Nacional de Desenvolvimento enfrenta o processo legislativo no Congresso da República. O prazo para aprovação é 7 de maio.


Foto principal: Departamento Nacional de Planejamento.

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Daniela Jaramillo Castillo
Daniela Jaramillo Castillo
Sou ecologista pela Universidade Javeriana, com experiência em educação ambiental. Cofundador do EcoChuspa, projeto de educação e divulgação ambiental através das redes sociais. Além disso, sou um amante da entomologia. Dentro Impacto TIC Coordeno o Impacto ECO, projeto de sustentabilidade e meio ambiente da mídia.