Aprovação no Congresso da República da Projeto de lei que eleva a 'serviço público essencial e universal' acesso à Internet, como tem acontecido em diferentes partes do mundo. No entanto, o fechamento da exclusão digital dependerá de investimentos e coordenação, além das boas intenções consubstanciadas no texto que reformará o Lei de TIC 1341 de 2009.
Há muito que se pedem medidas concretas e abrangentes para tirar o país do atraso em termos de conectividade à Internet, das fragilidades em termos de competitividade que isso implica e, pior ainda, da forma como, devido à pandemia de Covid-19 e ao isolamento prolongado, A distância entre crianças e adolescentes que têm acesso à Internet e aqueles que não têm está aumentando.
Então essa decisão do Congresso ao aprovar a Lei, que em 8 de junho passou para sanção presidencial, está de acordo com uma realidade palpável que é a desconexão com o mundo que a ausência de Internet de banda larga significa, e que ocorre principalmente em áreas remotas e rurais onde a água potável é também um 'serviço público essencial e universal', mas muitas vezes não chega, apesar da norma que o ordena.
Na Colômbia, tendemos a pensar que por meio de leis e decretos os problemas são resolvidos. Se fosse aplicada a Constituição de 91, hoje não haveria um protesto social de protesto contra as instituições como o que vem ocorrendo nas ruas de todo o país. Por esta razão, esta Lei deve ser acompanhada de um plano liderado pelo Ministério das TIC que coordene os recursos do Estado e a participação de empresas privadas, de forma a alcançar a cobertura universal pretendida.
Em termos de recursos, o Fundo para as Tecnologias de Informação e Comunicação (FonTIC) foi criado há precisamente 12 anos para «financiar planos, programas e projetos para facilitar o acesso universal prioritário, e o serviço universal, quando apropriado, de todos os habitantes do território nacional às TIC».
Um estudo independente encomendado pelo Departamento Nacional de Planejamento em 2018 sobre o FonTIC constatou que aproximadamente 20% dos recursos foram investidos entre 2010 e 2017 em programas que, "Embora sejam importantes, eles não têm como objetivo fechar o fosso digital."
E o relatório continua afirmando que se ditos recursos de US$ 1,2 bilhão do FonTIC, que foram destinados a 34 programas em 7 anos (é a média de gastos do fundo em um ano), "Se tivessem se dedicado ao programa last mile focado na geração de demanda, triplicando o investimento, ou se tivessem ampliado a capacidade em redes móveis, hoje o país estaria melhor em termos de uso de TIC", aponta
A ideia não é chorar pelo leite derramado, ou melhor, pelo dinheiro desperdiçado, mas lembrar aos gestores que Os recursos do FonTIC provenientes do fisco das empresas do setor devem ser bem administrados e direcionados, para cumprir a finalidade para a qual o fundo foi criado: universalizar o acesso à Internet.
Por outro lado, é hora de discutir que Google, Facebook e Twitter pagam impostos, bem como está sendo estudado na Europa e nos países da OCDE. Esses gigantes são os que mais se beneficiam economicamente com a massificação da Internet e, por isso, devem fazer sua parte para implantar a infraestrutura que a suporta. Eles ficam sem argumentos para não fazê-lo.
infraestrutura pública e a última milha
Em relação à implantação de infraestrutura, devido à situação geográfica muito complexa do país, é necessário continuar usando diferentes sistemas ou tecnologias de transmissão para cobrir as necessidades, mas sim, eles devem cumprir os padrões de velocidade e latência necessários para o bom funcionamento que requer qualquer atividade na Internet.
O Plano Nacional de Fibra Óptica que o último governo implantou nas mãos da mexicana Azteca Comunicaciones atinge 786 municípios dos 1.103 que o país possui. Um importante ponto de partida para empresas ou cooperativas locais implantarem a chamada última milha para oferecer o serviço.
Precisamente a última milha é uma das partes mais caras de toda a implantação da infraestrutura, e em áreas remotas não é lucrativa porque a renda não compensa o investimento. Por esta razão, o Estado deve entrar aqui.
O Governo tem promovido vários projetos nesta área. Um dos mais ambiciosos é o 'Plano de última milha' que visa ligar 500 famílias dos estratos 1 e 2, bem como Habitação de Interesse Social (VIS) com taxas preferenciais.
Por meio de incentivos, o Ministério de TIC trabalha para que provedores de serviços de Internet (ISP), bem como provedores de redes e serviços de telecomunicações (PRST), participem de processos licitatórios. Atualmente, iniciou-se a instalação dos primeiros 342.000 mil acessos em 403 municípios, com investimento de US$ 465 bilhões.
Em 2018 (os mais recentes dados de gastos do FonTIC em seu site), US$ 304 bilhões foram investidos na expansão do Programa de Telecomunicações Sociais, dos quais 3 quartos foram direcionados para conectividade de centros de acesso comunitário e instituições públicas.
Por outro lado, nos últimos dias, o portfólio de comunicações premiou o concurso para o projeto Last Mile Mobile, que oferece serviços gratuitos de internet móvel e voz a 340.000 mil alunos dos níveis socioeconômicos 1 e 2 e empresários.
Um projeto que merece aplausos. Mas a dura verdade é que servirá para pontuar nos índices internacionais de conectividade, pois sabemos que você não pode estudar ou trabalhar pelo celular. Além de inconveniente, consome uma grande quantidade de dados (e o plano inclui 5 GB por mês), apesar de existirem 20 URLs de acesso livre.
Os privados, o outro componente chave
Como afirmado nesta coluna há alguns meses, é particularmente útil que o Ministério das TIC permita o uso gratuito da banda de 6 GHz para Wi-Fi, pois isso facilitará o fechamento da lacuna digital, proporcionando mais capacidade de acesso, velocidade e qualidade de serviço nas áreas rurais e urbanas, com menores custos de implantação.
Os provedores de acesso sem fio à Internet geralmente são cooperativas que operam em áreas rurais e atualmente atendem 455.000 famílias colombianas. Ao usar o padrão Wi-Fi 6E, eles poderão aumentar sua cobertura, aumentar a velocidade e expandir em 4 vezes o número de assinantes que têm por canal.
Nesta linha há projetos como o TV White Spaces da Microsoft. Isso também aproveita as faixas livres do espectro de rádio que, neste caso, foram deixadas pela migração dos canais de televisão analógicos para os canais digitais (TVWS). Em seu piloto, já conecta de forma eficiente e com velocidades de 30 Mbps a 150 instituições de ensino, dando acesso à rede a 17.000 mil pessoas, segundo informações divulgadas neste meio.
Enquanto isso, as operadoras nacionais de telecomunicações Claro, Movistar e Tigo-UNE cumpriram suas responsabilidades de conectar áreas remotas e estão trabalhando na implantação de FTTH (Fiber To The Home: Optical Fiber to the Home).
A Claro possui a maior cobertura nacional de internet móvel e fixa em áreas urbanas; A Movistar, como herdeira da Telecom, possui, além da Internet móvel, a rede fixa mais extensa do país nas regiões, além de fibra ótica, enquanto a Tigo-UNE será pioneira no uso de Open RAN em suas redes 4G em áreas rurais e tem uma importante implantação de FTTH.
Justamente O RAN aberto será um ingrediente importante na receita para que a Internet alcance todo o território nacional.
Do que se trata? A RAN aberta usa hardware padrão de vários fornecedores, com funcionalidade definida por software, o que, por sua vez, oferece maior flexibilidade. Isso aumenta o portfólio de fornecedores e permite maior inovação e eficiência. Além disso, essas redes são, em teoria, mais baratas de desenvolver, fabricar e manter do que as convencionais.
O acesso universal à Internet depende de um amálgama de padrões, tecnologias, políticas, regulamentações e parcerias entre os setores público e privado, coordenados pelo Estado.
Por esta razão, o Estado deve proporcionar condições que facilitem o trabalho de quem integra o setor das telecomunicações, por exemplo, no leilão de espectro radioelétrico para 5G, dar mais peso às condições de cobertura do que aos rendimentos que pode gerar . E também salvaguardar a concorrência no mercado móvel desequilibrado.
Da mesma forma, é fundamental manter os equipamentos de informática de médio porte, computadores, tablets e smartphones isentos de IVA, como hoje contempla a Lei; ampliar a abrangência do programa Computadores Para Educar e dar continuidade às iniciativas para levar competências digitais a toda a população.
O Ministério de TIC tem realizado um importante trabalho por meio de programas e planos que visam conectar o país à Internet, e esse trabalho merece ser reconhecido. Agora, com esta Lei que só aguarda a assinatura do Presidente Iván Duque, seria uma mensagem importante expandir seus recursos para atingir o objetivo final e não apenas mais uma declaração de boas intenções.