O início de 2020 nos acolheu com a sanção presidencial que tornou lei o Prontuário Eletrônico (Lei 2015 de 2020), um dos vários documentos que estão em trânsito para a pasta digital do cidadão, que inclui também o novo cartão de cidadania eletrónica.

No seu momento explicamos do que trata esta lei e no futuro como ela afetará. Embora 31 de janeiro de 2020 possa ser marcado na linha do tempo como o dia em que se tornou lei, levará pelo menos 5 anos para que o Prontuário Eletrônico passe do papel para uma realidade massiva. Do que se trata esse processo?

Antes de passar para a implementação, é necessário definir algumas diretrizes-chave. Por exemplo, como vai funcionar, com quais tecnologias, quem pode acessar os dados e assim por diante. É por isso que atores como o Ministério da Saúde e o Ministério das TIC, entre outros, entram no caminho do Prontuário Eletrônico.

Mas o que aconteceu em 2020?

Exatamente quando foi editada a lei de 2015 de 2020, foi estabelecido um limite de 12 meses para definir as diretrizes mencionadas. Alemão Escobar, chefe de gabinete do Ministro da Saúde, médico e agente de saúde pública, disse Impacto TIC que os trabalhos deste ano se centraram no enquadramento legal, no processo de regulamentação desta lei, para o qual se desenvolveu um projecto de decreto que, a dada altura do ano, estava pronto, mas do ponto de vista jurídico ainda Alguns esclarecimentos estão sendo feitos em relação à segurança da informação.

Trata-se de nada mais e nada menos do que as informações clínicas de cada cidadão colombiano, uma questão sensível: «Isto não pode ser utilizado por quem não esteja devidamente autorizado, esse é o principal desafio. O que, como e quando essas informações podem ser usadas. O principal desafio é como definir muito bem, que pessoa ou que organização, que instituição pode fazer uso dos dados. Alguém poderia pensar que os dados poderiam ser usados ​​pela seguradora (EPS), [mas] legalmente não é tão simples assim. Esta é uma discussão de advogados»explicou Escobar.

Feitos os detalhes legais, o documento será liberado para consulta pública em questão de semanas – o prazo inicial de 12 meses termina em janeiro – e então virá o processo executivo de decretação do presidente. Superados estes primeiros passos, começarão a ser desenvolvidos componentes técnicos, como a definição técnica e clínica das variáveis ​​que serão interoperadas na primeira fase, segundo o responsável.

No entanto, a partir do Ministério da Saúde vêm avançando, paralelamente ao arcabouço legal, esses aspectos técnicos. Ou seja, já foram delineadas algumas variáveis ​​e fases do processo de interoperabilidade, que, recordemos, teria um prazo de 5 anos para a sua implementação (que neste momento já é de 4 anos).

Variáveis ​​e fases

As variáveis ​​são entendidas como os dados, as informações que o Prontuário Médico Eletrônico na Colômbia conterá, que estão em definição e seriam tornados públicos em outro ato administrativo (decreto), além do legal mencionado anteriormente. Por outro lado, as fases que cada processo contempla têm objetivos diferentes.

  • Fase 1: a atual, é a do alistamento legal por meio de regulamentação, alistamento tecnológico e adição dos primeiros dados.
  • Fase 2: adicionará novos dados, de diferentes requisitos (como imagens de diagnóstico e ressonâncias). Seriam incluídos aqui dados padronizados e semipadronizados, como a epicrise, que é o resumo do atendimento, que não é padronizado e cada médico escreve com sua narrativa.
  • Fase 3: aponta para a análise de dados, por meio de Inteligência Artificial, análise e Inteligência de Dados.

Sobre as variáveis, o primeiro grupo é demográfico (indivíduo, sexo, idade, residência); o segundo grupo tem a ver com atenção em si, como diagnósticos, prescrição e cuidados prestados (isso é importante para revisar a rastreabilidade); e o terceiro grupo de variáveis ​​tem a ver com o monitoramento longo prazo.

interoperabilidade

Quanto ao alistamento técnico, o Ministério da Saúde e Proteção Social tem trabalhado com a Agência Digital Nacional, que é a entidade encarregada de desenvolver esta iniciativa, no que eles chamaram de 'barramento de interoperabilidade', aquele instrumento tecnológico através do qual os dados viajará entre os diferentes atores.

“Este ano estávamos antecipando um contrato com a agência, mas veio a pandemia e obviamente abalou a questão. Mas é da nossa responsabilidade antecipar esta contratação do 'autocarro de interoperabilidade' em 2021acrescentou Escobar.

Agora, do lado do Ministério das TIC, também houve progresso. A Lei 2015 de 2020 estabelece que deve ser desenhado um esquema de interoperabilidade no âmbito do Regime Geral de Segurança Social em Saúde, com base em recursos tecnológicos, em relação aos prontuários como principal insumo de informação para a adequada prestação de serviços médicos.

A interoperabilidade refere-se precisamente a como garantir a troca automática de informações entre as entidades. E embora se soubesse que a escolha havia sido a ferramenta X-Road -criada pelo Nordic Institute for Interoperability Solutions (NIIS)- finalmente em outubro de 2020 o Ministério das TIC emitiu o Resolução 002160 de 2020 orientar as entidades públicas na implementação dos Serviços Digitais ao Cidadão e em novembro a chegada de Laboratórios X-Road Colômbia.

Jogador do YouTube

Atualmente, existem implementações de prontuários eletrônicos em alguns hospitais, clínicas e IPS, que o fazem de forma independente e à sua maneira, o que é um problema, pois não compartilham critérios homogêneos, há duplicidade de informações, inconsistências, uso de diferentes linguagens de programação, dados não acessíveis para consulta e informações fragmentadas, só para citar alguns inconvenientes. Como reiterou o Dr. Christian Peter Clausen, assessor para a Transformação Digital do Ministério da Saúde e Proteção Social, não há informações sobre a situação da Saúde Digital na Colômbia.

O Prontuário Eletrônico é um projeto de longo prazo e a Colômbia está apenas começando sua jornada oficial. «Essa é uma política pública de longo prazo que transcende um ministério, que tem a ver com mais atores, além de outras questões como conectividade. É um esforço multissetorial, com muitas arestas e dimensões»concluiu Escobar.

No momento, seguimos atentos à publicação do decreto com as orientações legais, bem como a da prontidão tecnológica.